Amigo: é melhor ganhar do que perder

João não tinha muitos amigos. Na verdade, só tinha colegas. E só os via na escola. Na sua rua, havia poucas crianças e de idades diferentes da dele. Para não se sentir muito sozinho, tinha um cachorro chamado Smith, seu fiel companheiro de todas as brincadeiras. Uma tarde, brincando com Smith perto do riacho, que ficava há quase um quilômetro de sua casa, avistou um animal esquisito a uns cem metros e resolveu chegar mais perto. À medida em que João ia chegando mais perto, ele via que o animal não estava bem, mas não conseguia identificar de que animal se tratava, calmamente foi chegando mais e mais perto até que viu que se tratava de uma cadela que estava muito maltratada. Smith, seu fiel e único amigo, não deixou com que João fosse para casa sem levar a cadela, sentou-se ao lado dela e de lá não saiu e João disse:

- Vamos Smith, mamãe não vai deixar que eu fique com ela, não posso levá-la, vou tomar uma bronca feia!

E Smith se deitou e permaneceu ao lado da cadela. Foi aí então que João parou para pensar, e logo percebeu que se não levasse a cadela para casa, mesmo que escondido, iria perder seu melhor amigo, então disse para Smith:

- Está bem Smith, vamos levá-la para casa e cuidar dela, mas não podemos deixar que a mamãe descubra, tudo bem!?

Smith então se levantou e respondeu com latidos e abanando o rabo, como se dissesse um “Sim” bem alegre pela decisão tomada por João.

João então pegou a cadela e a levou para casa. Quando chegou em casa sua mãe não estava, então alimentou a cadela que estava muito fraca e bem desnutrida, deu lhe água, e ela apresentou sinal de melhoras, deu um rápido banho nela e tratou de seus ferimentos antes que sua mãe chegasse em casa.

João deixou a cadela no porão, já que sua mãe nunca ia lá. Passou-se uma semana, a cadela já estava andando e com a aparência bem melhor do que quando ele havia a encontrado próximo ao riacho de sua casa. Ao final de um mês escondida, a cadela começou a fazer barulhos. Como João não estava em casa, sua mãe achou estranho e ficou preocupada. Percebeu que os barulhos vinham do porão, pegou a arma que ela possuía em casa e resolveu verificar o que era. Quando abriu a porta do porão, veio o susto: a cadela saiu correndo pela casa. Mas dos males o menor, pois podia ser um ladrão esperando um momento para atacar. Às 5 da tarde, João chegou em casa juntamente com Smith, sua mãe o esperava na cozinha, e logo que percebeu a porta se abrindo gritou:

- Joãããããããão, venha aqui agoraaaa !!!

João se assustou e ficou com medo, pois não sabia o que estava ocorrendo, quando chegou à cozinha sua mãe logo disse:

- O que esta cadela estava fazendo no nosso porão, você pode me explicar?

- Ah, mãe, o que ela fazia no porão?

- João, não me enrole e diga logo antes que eu perca a paciência, garoto!

- Mãe, essa é a Help, eu a encontrei muito fraca e ferida perto do riacho, aí então o Smith não me deixou vir para casa sem ela. Percebi que era melhor ganhar mais um amigo do que perder o meu melhor, único e mais fiel amigo. Então lhe peço que não se desfaça dela e me deixe ficar com ela também.

Sua mãe comovida com ele, abaixou, pôs a mão sobre seus ombros, o abraçou e lhe disse:

- Meu filho, desculpe-me, não sabia que você havia feito isso tudo por ela, mas bem que você podia ter me contado. Me assustei com os barulhos que ela fez no porão. Enfim, você não merecia muito ficar com ela, já havíamos conversado e você se lembra muito bem de nossa conversa, mas vou deixar que ela fique afinal, pois além de ser uma forma de me desculpar com você por xingá-lo sem muita razão é também uma forma de você me ensinar que amigos não se escolhem por acaso. Todos eles tem um motivo para entrar na nossa vida, mas só os verdadeiros amigos ficam!

Ao final, tudo acabou correndo bem, apesar dos sustos, mas nada como uns bons amigos para nos ajudar nessas horas!

Lucas Pires - 24